quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Analogia

Olhava para o vale que se estendia no horizonte
via o espelho que se estendia mesmo a minha frente,
uma enorme mancha de água de um azul profundo
ladeado de verde, castanho e cinza dos carvalhos
que se erguiam frondosos pelas encostas pedregosas,
uma paisagem bucólica que trazia paz ao espírito

e me deixava pensar no largo mar que tinha de transpor.

O sol começava a descair para o seu poente,
mudava os seus tons alaranjados,
adquiria os seus tons vermelhos com que se despedia,
deixava o seu lugar à noite e a uma lua prateada
que se adivinhava por detrás daquele monte,
despedia-me daquele paraíso que amava
para me lançar num mundo desconhecido.

Se me custava deixar aquele olimpo
tentava decifrar como seriam os meus dias sem ti,
as noites sem o teu afago e o beijo carinhoso
e duas lágrimas rolaram-me pela face,
bebi-as para guardá-las,
sabia que elas me fariam falta
nos longos dias onde os pensamentos estariam contigo,
onde te beijava sem te ver,
te amava no silêncio do mundo,
e essas mesmas lágrimas estariam de volta ao vítreo branco,
voltaria a bebê-las porque essas lágrimas são tuas.

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