segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Outono na minha terra

Na minha terra não passam comboios
passam ribeiros de águas translúcidas,
pequenos regatos que levam pequenos
seixos e areias, e também insetos, às vezes,
nas margens, pequenas rãs miram a água
na busca de alimento, saltam quando
passo e se escondem atrás do verde
que salpica as veredas, são líquenes,
nos muros e árvores o musgo desponta
algumas pequenas plantas ainda mostram
as suas minúsculas flores amarelas
destoando de todo o reino vegetal
que as rodeia, nas encostas os carvalhos
estremecem à passagem de uma leve brisa,
ao longe ouve-se uma toada de animais
escondidos pelas silvas e arbustos
parece o canto monótono de um convento
onde os frades escondem a sua solidão
nas vozes tristes dos cantos gregorianos
em orações ritmadas e melancólicas
de beleza inigualável,
olhando as casas rústicas pelo monte
e sonhando com esses cantos sente-se
um retorno à idade média, naquele lugar
o tempo não passa, só as pessoas partem
e não voltam, mas o tempo continua
a correr, a seguir ao dia vem a noite,
sucedem-se as semanas, os meses e os anos,
mas naquele lugar ninguém conta as horas
porque esperam um dia ir e não regressar
É outono na minha terra e na vida dos homens.

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