Na minha terra
não passam comboios
passam
ribeiros de águas translúcidas,
pequenos
regatos que levam pequenos
seixos e
areias, e também insetos, às vezes,
nas margens,
pequenas rãs miram a água
na busca de
alimento, saltam quando
passo e se
escondem atrás do verde
que salpica as
veredas, são líquenes,
nos muros e
árvores o musgo desponta
algumas
pequenas plantas ainda mostram
as suas
minúsculas flores amarelas
destoando de
todo o reino vegetal
que as rodeia,
nas encostas os carvalhos
estremecem à
passagem de uma leve brisa,
ao longe
ouve-se uma toada de animais
escondidos
pelas silvas e arbustos
parece o canto
monótono de um convento
onde os frades
escondem a sua solidão
nas vozes
tristes dos cantos gregorianos
em orações
ritmadas e melancólicas
de beleza
inigualável,
olhando as
casas rústicas pelo monte
e sonhando com
esses cantos sente-se
um retorno à
idade média, naquele lugar
o tempo não
passa, só as pessoas partem
e não voltam,
mas o tempo continua
a correr, a
seguir ao dia vem a noite,
sucedem-se as
semanas, os meses e os anos,
mas naquele
lugar ninguém conta as horas
porque esperam
um dia ir e não regressar
É outono na
minha terra e na vida dos homens.
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